quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Santo Domingo é a Capital Americana da Cultura 2010



Santo Domingo, a Capital da República Dominicana, é a capital da Cultura Americana 2010, nomeada pela Unesco. Este é um forte argumento para que o turismo no país caribenho cresça ainda mais este ano, mesmo considerando o terremoto ocorrido com o seu país vizinho, o Haiti, no dia 12 de janeiro.

De acordo com Nodalia Arias (foto), assessora de promoção turística do Escritório da República Dominicana, Santo Domingo já é reconhecida pela Unesco como "Cidade Patrimônio da Humanidade", “Em que pese a dor e as perdas do terremoto no Haiti, nosso país irmão, esse ano será muito especial para o turismo de nosso país”, disse em entrevista ao Diário do Turismo.

Apoio ao Haiti

Segundo Nodália, entre as várias formas de apoio que o governo dominicano tem dado ao Haiti, o ministério do Turismo estuda uma outra maneira de colaborar com os irmãos haitianos. “Temos uma taxa turismo de U$ 10. Estuda-se a possibilidade de que dessa taxa seja destinada U$ 1 (um dólar) para um fundo de apoio ao nosso país vizinho”, disse.

“Temos também notícia que uma ONG (organização não governamental) está planejando um concerto com grandes artistas internacionais em Santo Domingo como forma de apoio às vítimas do terremoto”.

De acordo com a assessora, o povo dominicano está extremamente sensibilizado com o que aconteceu com o Haiti. "Vários movimentos de
solidariedade estão arrecadando não só alimentos, mas dinheiro. O exemplo mais recente é a da Secretaria da Juventude, que por meio de vários grupos de estudantes fizeram a coleta de mais de U$ 300 mil em doações e já destinaram esse dinheiro ao fundo especial das Nações Unidas", acrescentou.


Capital da Cultura

Ainda de acordo com Nodália, a nomeação de Santo Domingo como capital americana da Cultura irá dar um impulso na promoção não só da capital, mas de todo o seu país, pois “é inegável o papel que a República Dominicana tem para a história da América”, diz ela.

Segundo Nodália, até agora todos os pacotes
turísticos adquiridos por meio de operadoras brasileiras foram utilizados “Não tivemos nenhuma desistência, e ainda não fechamos os números de 2010, mas acredito que chegaremos aos 18 mil turistas brasileiros em terras dominicanas”, disse.

Em termos globais o país recebe por ano algo em torno de 4 milhões de visitantes estrangeiros.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Philip Carruthers, da Orient-Express Hotels, fala ao Diário


O Diário do Turismo inicia as entrevistas de 2010 e conversa com o diretor presidente do grupo Orient-Express Hotels no Brasil, Philip Carruthers. Este inglês, naturalizado carioca e torcedor de carteirinha do Flamengo, gentilmente atendeu o editor do Diário do Turismo, jornalista Paulo Atzingen e deu os detalhes sobre a mais novo empreendimento do grupo no Brasil: o cinematográfico Hotel das Cataratas, em Foz do Iguaçu que – mesmo sem fechar as portas – passa por uma reforma completa e tem entrega prevista para setembro deste ano.

De propriedade da União, o hotel passa a ser (em comodato) uma das jóias do grupo Orient Express no Brasil - além do Copacabana Palace no Rio de Janeiro. Nele, o grupo investiu R$ 64 milhões em reformas e adaptações. Confira a entrevista completa a seguir:


Diário – Após a vitória no edital de concorrência para a administração do Hotel das Cataratas, começou o trabalho de reforma e repaginação. Foram dois anos de trabalho?

Philip Carruthers - As obras de reforma, propriamente ditas, começaram em maio de 2008. Inicialmente foi preciso tomar conhecimento da situação para posteriormente desenvolver e aprovar o projeto com as autoridades competentes, para finalmente contratar a obra. Até agora reformaram o bloco principal do hotel, que inclui todas as áreas do hotel, como recepção, restaurantes, bares, piscina e a churrascaria, além de 36 apartamentos, e mais o anexo II, composto de 95 apartamentos, portanto hoje temos um hotel de 131 apartamentos totalmente reformados. As obras foram paralisadas durante a alta temporada, e no período de abril a setembro, faremos a reforma dos 62 apartamentos do Anexo I.

Diário - O custo total ficou bem mais alto que o previsto? Por quê?

Philip
- O custo total da obra está estimado em R$64 milhões, sendo que R$6 milhões dos quais são referentes a investimentos em obras de melhorias dentro do parque nacional. Ele ficou acima dos valores inicialmente estimados, principalmente em função da necessidade de realizar obras, de reforço estrutural, só constatado durante a fase da demolição.

Diário – Haverá ampliação no número de apartamentos?

Philip
- Como disse, já foram renovados 131 apartamentos e todas as áreas públicas, incluindo piscina, bares e restaurantes. O número de apartamentos foi reduzido de 201 para 193. A reforma total será concluída em setembro de 2010.

Diário – Haverá um lançamento oficial?

Philip - Não haverá um lançamento oficial pois o hotel nunca deixou de operar durante a fase das obras. Com o término da obra nos blocos principal e anexo II, o hotel foi oficialmente lançado como um "produto Orient-Express".

Diário – O hotel é da União e ela cobra por isso. Quanto será o valor do aluguel mensal? Ou contrato anual?

Philip - O valor do aluguel mensal foi objetivo de concorrência durante a licitação pública. Orient-Express venceu a licitação por oferecer o maior aluguel. Com os reajustes anuais, o valor hoje é de R$922.076,00.

Diário - O Hotel das Cataratas tem um histórico de respeito ao meio ambiente e de Responsabilidade Social. Quais serão as ações nesse sentido?

Philip - Temos a obrigação contratual em obter certificação da ISSO 14001, que trata do meio-ambiente, e também, a ISSO 9001 que é referente a qualidade de gestão, além disso, o grupo Orient-Express é membro da ITP (International Tourism Partnership), que é uma entidade dedicada a promover desenvolvimento sustentável para a indústria de turismo.

Diário – Quais são os outros projetos da Orient Express Hotels no Brasil?

Philip - Não temos neste momento outro projeto no Brasil. Tivemos a intenção de desenvolver um pequeno hotel de luxo na praia de Azeda / Azedinha em Búzios, mais a área do nosso terreno foi declarada como área de atividade pública, portanto, este projeto não irá adiante. É possível que no futuro, possamos desenvolver um resort de praia de alto luxo, talvez no sul da Bahia.

Diário – O senhor poderia fazer uma síntese, aos leitores do Diário do Turismo o que é estar no comando de dois dos maiores sonhos da hotelaria nacional, que é o Hotel das Cataratas e o Hotel Copacabana Palace?

Philip - É um grande privilégio acima de tudo. O Copacabana Palace é um ícone mundial, e é o hotel mais famoso do Brasil, e felizmente, um dos mais bem sucedidos, e o Hotel das Cataratas é um outro ícone mundial com uma localização inigualável.

Diário – Sua biografia aponta para uma vasta experiência como hoteleiro em todos os níveis de gestão. Sintetize para nós o dia a dia do Copacabana Palace.

Philip - O Copacabana Palace é um hotel extremamente dinâmico, e movimentado, pois além da parte de hospedagem, seus salões de eventos, Restaurantes Cipriani e Pérgula e o Bar do Copa são muito frequentados pela sociedade brasileira, além do próprio hóspede. É um hotel que está permanentemente na mídia, por uma razão ou outra.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Menos feliz ano novo, mais novas e eficazes políticas públicas



A primeira piada do ano foi ouvir autoridades constituídas e eleitas de cidades brasileiras professarem que a responsabilidade pelas tragédias nos morros fluminenses e paulistas é dos moradores que ali se instalaram. É evidente que ocupar encostas e tomar por seu terrenos próximos a nascentes e cachoeiras, ou em sopés de montanha, tem sem dúvida alguma a conivência das prefeituras (leia-se aqui prefeitos, secretários de Obras e de Planejamento).

Além das prefeituras (Código de Conduta e Uso do Solo) em primeiro plano, o Estado (Leis Complementares) e a própria União (Código Florestal, a Lei Lehmann - Lei Federal nº 6.766 de 19 de dezembro de 1979), são, nessa ordem, os co-responsáveis pelos desastres ocorridos nas encostas brasileiras. Essas instâncias, cada uma em sua proporção, fazem vista grossa para as ocupações em áreas de risco.

É claro que, em muitos casos, a ocupação é feita deliberadamente pelos moradores e a esses imputa-se parte das responsabilidades e riscos.

É de doer o que estamos vendo no início deste ano de 2010. Cunha e Angra dos Reis devastadas por deslizamentos, São Luís do Paraitinga inundada. Cidades e destinos que possuem o turismo como sua primeira fonte de renda, soterradas por forças medonhas da natureza. Mas existem forças anteriores (ou posteriores?) de também meter medo.

“Tudo o que se tira da natureza ela retoma de volta”, diz uma autoridade geológica. Essa lei, que toda criança um pouco esclarecida sabe, está martelando tanto a cabeça dos técnicos urbanistas como das pessoas que choram seus mortos.

Em muitas cidades litorâneas e serranas a construção civil e a especulação imobiliária tende a empurrar a população de baixa renda (e também os de alta com suas mansões) em direção às encostas e morros.
Cidades turísticas como Ubatuba, Guarujá, Campos do Jordão, Petrópolis, Ouro Peto e tantas outras experimentam o mesmo fenômeno de levitação urbana. Sim, levitação urbana, porque a única alternativa para a população que se vê espremida entre o mar e a faixa de areia é se pendurar nos morros.

Seríamos levianos em dizer que nada tem sido feito para mudar isso. Planos e projetos de habitação e remanejamento de populações inteiras de áreas alagadas para regiões de terra firme estão sendo efetuados, mas é muito pouco.

O processo de expansão urbana é complexo e necessitaríamos aqui remontar a história de uso do solo brasileiro, primeiro com fins extrativistas, depois para fins imobiliários. De 1970 para cá, a sensibilidade ambiental entrou em cena e algumas leis foram criadas para a conservação e proteção do solo.

As APAs, por exemplo, constituem Unidades de Conservação destinadas a proteger e conservar a qualidade ambiental e os sistemas naturais existentes dentro de uma determinada área verde nativa. Centenas de municípios litorâneos fazem vista grossa a essa legislação.

“São mais de 3 mil moradores em áreas de risco em Angra dos Reis”, disse uma autoridade, se desvencilhando da mira do canhão. Essa frase sintetiza a bagunça nos milhares de quilômetros de costa que temos...

Os desastres nos morros brasileiros decorrentes de desmoronamentos não são de hoje. Há relatos de já na década de 60 do século passado.
“A inadequação de nossos preceitos urbanísticos e também de nossa sensibilidade social ficam mais claramente desmascarados nas encostas”, diz Flavio Farah, em seu livro Habitação em Encostas, de 2003.

“Na grande reforma de Paris, em meados do Século XIX, a exemplo do que aconteceria no Rio de Janeiro da virada do Século, houve intensa remoção da população pobre do centro da cidade. Porém, no caso de Paris, o Estado investiu também na geração de habitações populares, capazes de atender, pelo menos parcialmente, os que perderam a possibilidade de morar nas regiões mais centrais. Por desejo expresso de Luís Napoleão, a reforma de Paris contemplaria a construção de casas populares, iniciada modestamente com a destinação de verba específica de 50.000 francos à construção de um conjunto habitacional na Rua Rochechouart, o “Cité Napoléon”. Em 1852, nada menos que 10.000.000 de francos foram investidos em mais dois conjuntos, em Batignolles e Neully, durante a reforma implementada por Haussmann, como pode ser visto em BENEVOLO (1974)25 , p.105.”, escreve Farah em seu livro.

Está posto o problema: falta de mecanismos práticos para fiscalizar a demanda do povo que passa a levitar nos morros, nas encostas e nos alagados e direcionamento errado para verbas de infra-estrutura...precisamos menos de feliz ano novo, mas mais novas e eficazes políticas públicas. (Paulo Atzingen)